São Tomas de Aquino: a certeza pela fé

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 "Para aqueles que têm fé, nenhuma explicação é necessária. Para aqueles sem fé, nenhuma explicação é possível."  São Tomas de Aquino

“Tudo que se move é movido por algo imóvel, já que não se pode admitir uma regressão ao infinito. Deus é entendido então como o primeiro motor” Marcondes


 São Tomás de Aquino desenvolveu uma filosofia própria aliando-se a teologia e tomando como base a retomada das ideias de Aristóteles, chegando assim a disseminar com mais aprofundamento a escolástica.  Diferente de santo Agostinho que possui uma filosofia mais humanística baseia-se na logica e na essência do homem. Ao conhecer o homem pela visão sensível, parte do ser subjetivo,  sem dubiedade, para depois poder compreender o mundo que nos cerca, as demais pessoas, a causa de seus efeitos.
 O homem ao pensar  que há uma força motriz que circunda o mundo, já crê que esta  sendo movido por Deus. Ao passo que este pensamento entra em seu intelecto, entra também nele como certo. O homem não pode se contradizer-se em um argumento. Se pensa sobre ele é porque ele é existente.
A ideia de crença em Deus é inatista,  ainda que não se perceba. Já que nele há a necessidade de encontrar os ápices na vida, sua  origem, a felicidade, finalidade de ser. Ao questionar-se, buscando tais coisas, estará encontrando o  próprio Deus que esta em nós como inteligível. O fato de Deus existir em nosso intelecto transcende para o plano da realidade por acreditarmos veemente que toda a origem dos fenômenos existenciais seja regida por sua força divina. .
Como negar a verdade? Se a Bíblia diz que Deus é a verdade como posso falar da verdade sobre uma verdade, pois, a verdade já é verdadeira? Assim Deus é real e não pode ser demostrado por experiências pois, habita no plano da fé. Ou seja, daquilo que não se vê. A fé nasce antes mesmo da razão, pois preciso crer em algo para poder prova-lo e torna-lo cientifico, a fé é o ponto que rege a chegada de algo ao racional. O conhecimento não permite  compreender a  Deus pela essência e sim os efeitos que o nome de Deus pode causar na vida das pessoas.  Porque a essência é compreendida quando demostrada e Deus não pode demostrar-se, por conseguinte não conheceremos sua essência.
A fé então é o plano de tudo. Já que conhecer um ser invisível é impossível a nós, conhecemos ele no plano visível, saindo do plano de Deus do intelecto, partindo para um Deus que existe por meio da  existência das coisas que nos rodeiam, portanto o mundo em si seria efeito de Deus. Logo tudo possui sua causa e efeito, a dor traz o choro, mas a dor foi provocada por algo anterior, talvez um acidente, provocado também por algo que o antecedeu, antecedendo a uma causa para os efeitos. Mas e a causa origem?  Bom, se ate mesmo a tempestade aqui pode ser ocasionada por um bater de asas no Japão, o que ocasionou a nossa existência,  e o que antecedeu a própria causa da existência? A resposta embasada na  Filosofia de São tomas de Aquino é o próprio Deus.  Pois tudo se origina de um ponto de movimento, e o ponto central é aquilo que é desconhecido pelo visível, mas real pela fé.
Todos possuímos uma “causa inteligente”, a cadeia alimentar, por exemplo, não limita ser algum a morte por não ter relação com o outro. Todo o cosmo segue uma relação ordenada. Os nossos genes, nosso funcionamento biológico, tudo segue uma sequencia minuciosa a ponto de constatarmos que somente uma mente perfeita conseguiria criar tal perfeição. E essa mente seria então Deus.
Tudo gira em torno de um ser perfeito e que não precisa ser explicado, pois não precisamos conhecê-lo intimamente através da fé ou sabermos quem é ele para acreditarmos que o mesmo exista, assim, segundo São Tomás, podemos demostrar a existência de Deus pela “razão natural, objetivando o conhecimento sobre o ser divino por meio de seus efeitos, sua obra, o mundo criado e a própria natureza.” (Marcondes, 2010)


MARCONDES, Danillo. Iniciação à historia da filosofia: dos Pré-socráticos a Wittgenstein. 13 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010.

GILES, Thomas Ransom. Introdução à Filosofia. São Paulo: EPU: ED. da Universidade de São Paulo, 1979.

Santo Agostinho: e a verdadeira felicidade

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“A busca de Deus é a busca da alegria. O encontro com Deus é a própria alegria”
                                                                                                          (Santo Agostinho)
            Acreditava-se que só por meio do conhecimento de Deus que seria por meio da Sua palavra, a Bíblia, alcançaríamos a verdadeira felicidade, não há alegria no viver isolado em si mesmo, pois assim viver-se-ia na escuridão.
O pensador Aurelius Augustinus conhecido como, santo Agostinho se encontrava durante as mudanças do final do período antigo, onde as filosofias helenísticas do ceticismo, estoicismo e neoplatonismo dominavam o campo filosófico, deixando o propenso ao desenvolvimento de suas principais ideias.
Somente a luz da Teologia far-se-ia a preparação para o encontro com Deus onde o homem alcançaria a verdadeira felicidade, contrastando os demais filósofos que o sucederam considerando que seus fundamentos de felicidade mundana seriam incompletos, entrando ai o empasse entre a Razão e Fé, postulando que primeiro devemos crer pra depois entender.
Acreditavam que essa perspectiva era de descredito as ideias feitas ao empirismo e racionalismo, porém como poder desconsiderar ideias por apenas não considera-las cientificas se até então não achamos nenhuma verdade absoluta nem nas ideias Cristãs nem tampouco nas cientificas.  
Ao se observar nas diversas culturais possuímos padrões específicos de comunicação, então só poderíamos fazer essa comunicação ou passar conhecimento por meio de algo inato a esse individuo.
O conhecimento só existiria por meio da luz divina, o homem pensaria corretamente, e essa luz estaria dentro do homem, como um ser semelhante a Deus, ele teria uma essência divina, onde esta entraria em contato com o ser divino, no interior do homem, propiciando o conhecimento e a verdade, surgindo assim também a ideia de interiorização e mais tarde subjetividade.
Então poderia ter sim um padrão inato ao ser humano, porém esse seria dado pelo biológico e cultural e não algo marcado ou predisposto por um Deus, buscando-se Deus no interior do individuo, iria-se contra as ideias platônicas de vida anterior onde se teria uma visão direta das ideias.
Agostinho busca em a cidade de Deus a compreensão dos momentos da historia humana, através da fé cristã e da distinção dos conflitos entre as duas cidades separando céu e inferno, propondo evangelizar e levar o conhecimento da igreja para o povo pagão contextualizando as historias Bíblicas e as alianças que Deus fez para com seu povo.

Referências
CAMPOS, Sávio. Agostinho: A cidade de Deus. Disponível em: <http://filosofante.org/filosofante/not_arquivos/pdf/Agostinho_Cidade_Deus.pdf>. Acesso em: 14 fev. 2012.
OS PENSADORES: Santo Agostinho. 2 ed. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
MARCONDES, Danillo. Iniciação à historia da filosofia: dos Pré-socráticos a Wittgenstein. 8 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
MARCONDES, Danillo. Iniciação à historia da filosofia: dos Pré-socráticos a Wittgenstein. 13 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010.

Entre a fé e a razão

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Quando se fala em Deus temos logo aquela idéia de um ser superior que esta, acima de nós com poderes infindáveis que nos faz marionetes de sua vontade, e para amenizar sua irá temos que fazer sacrifícios como o exemplo de Abraão que iria sacrificar seu próprio filho por causa da vontade de Deus.  Essa visão poderia se assemelhar aos deuses da Grécia antiga ou mesmo ao rei no Egito que era tido como o deus sol, mas será mesmo que Deus é assim?
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Assim que termos essa visão estamos apenas observando o antigo testamento onde de fato pregava-se a lei, do olho por olho, dente por dente; porém ao falarmos do novo Testamento tratamos da lei do amor, como seu principal representante o verbo que se fez carne, o filho de Deus: Jesus, que pregava o amor ao próximo.
Quando nas ciências procuramos verdades científicas pautadas por meio da razão e dos fatos tidos como observáveis acabamos concluído que na religião não há  verdade por destitui de verdade cientifica.  Contudo nossa ciência não tem verdade alguma inquestionável, por tanto ao falarmos que a religião é desconstituída de razão só estamos fazendo um julgamento de valor, pois ao falarmos da origem das coisas temos várias teorias, todavia nenhuma pode ser considerada a verdadeira.
Quando falamos cientificamente não devemos acreditar nos nossos sentidos por que eles nós enganam o que já era dito por Descartes, ao estudarmos os átomos, sabemos que eles existem, porém não conseguimos ver, o que não significa que eles não estão ali.  Santo Agostinho vem falando sobre isso ao descrever que primeiro temos que crer pra depois conhecer ou aceitar isso como verdade, já que os nossos sentidos nos enganam então ele pode estar em tudo e não podemos ver. A fé é algo que não pode ser pautada em explicações cientificas pois o grande sentido esta em sentir e não em ver ou tocar.
Também na religião têm-se provas da existência de um Deus que ao enviar Seu filho amado nos deu provas de Sua existência, então por que não consideramos cientifica a existência de Jesus, só por que não podemos explicar seus milagres, isso não significa que não existe, apenas são verdades que ainda não foram passiveis de verificação e nem refutação.
Uma grande pergunta me intriga por que ao falarmos da filosofia de fé na Idade Média denominamos de Idade das Trevas, alguns dizem que é por que houveram poucas postulações ou teorias, será mesmo? Ou por que acreditavam que por não ter uma explicação empírica por meio da experimentação, estaríamos voltando ao período dos mitos ao fazer explicações a cerca da natureza, estaríamos apenas usando a nossa imaginação e acreditando sem questionar a verdade a cerca do exposto, será que é isso que nossos filósofos cristãos propunham?       
Vimos ao decorrer do estudo com respeito aos filósofos que eles buscaram sempre a razão acreditando que esta era desconstituída do mito, postulando assim que a fé também estaria dentro deste, entretanto eles apenas postulavam que a verdade não esta apenas no que vemos ou na experimentação. Pode se ter verdade ao acreditarmos, pois quem dá sentido a ciência somos nós, ou nossa subjetividade.  eles também utilizavam a razão ao questionar se de fato os nossos parâmetros de felicidade são os corretos. E então existem parâmetros corretos para a felicidade? 

Filosofia e a certeza de um Deus

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A existência de um Deus criador já esta fincada em nossa cultura tal como a existência das camadas invisíveis de gases que nos circundam. Crer nessa realidade é mais racional do que descrer. A própria filosofia de Descartes, são Anselmo e ate mesmo Platão posicionam-se frente a realidade de algo superior e criador do homem.
Sendo  a filosofia a própria razão, o ponto por onde se chega ao conhecimento e a verdade, pode se concluir que ela esta diretamente ligada a algo mais elevado que a capacidade humana.  Descartes ressalta que  a verdade absoluta só se encontra em Deus e somente Deus a possui. Logo se necessita inicialmente daquele que a possui para poder encontrá-la.
Como a filosofia pretende compreender a essência do homem sem compreender de onde este homem veio e qual a sua finalidade no mundo?  O inicio de tudo esta em algo desconhecido, mas real. O homem quanto criatura possui uma finalidade na qual um ser anterior a preconizou. Tudo possui uma finalidade  e ela pressupõe uma “inteligência primeira” a quem pode-se considerar como divina, já que o próprio homem não o é capaz disto.
 As idéias e palavras não estão a mercê de cada individuo individualizado, mas estão na mente de Deus a posteriori na humana.  Uma idéia que comanda as demais, a idéia inteligível, que pode ser caracterizada como o “argumento da marca impressa”, na qual a teoria de que existe  um Deus perfeito não pode ter partido senão de um próprio pensamento implantado por esse Deus  em nós para conhecermos a razão pela verdade.
Antes mesmo de Descartes o famoso argumento ontológico de santo Anselmo propõe a existência de Deus: sendo ele algo tão grande e divino, não há então como refutar que seja real. No entanto se compreendermos por este ponto de vista,  é possível ,por exemplo, que exista uma ilha perfeita, sendo tão perfeita que deveria para não diminui-la existir. Santo Anselmo contrapõe a tentativa de refutação indicando que tal argumento só é valido para Deus: o único perfeitamente perfeito. Deixa claro que nada é maior que o Deus perfeito a qual propõe explicar. 
Não há como negar que algo grandioso e inteligível exista antes de nós. "Negar a existência de Deus ou a criação do mundo, por exemplo, era cair no erro, pois tal negação ameaçava toda a origem, não apenas a filosofia", seria desmentir que partimos de algo, ou afirmar que nascemos ser sermos planejados ou termos uma finalidade, e que a filosofia tambem saiu de um ponto anterior a pequenez intelectual humana. 
Em diversos períodos esse Ser é apresentado na filosofia, no entanto, com denominações distintas: logos para os estóicos, uno para os neoplatônicos, Deus para os escolásticos ou mesmo uma substancia para Spinoza. Platão por exemplo, não assumiu a idéia de um Deus, porém acreditava na idéia do bem, demiurgo,  que se confunde com um próprio Deus, já que é a verdade,  “o Autor cósmico de todas as coisas belas e corretas, Pai da luz”, uma divindade que esta a cuidar o homem. Ele cita ainda, ao defender o conceito de divindade das crenças pagas da época, que "Deus, e não o homem, é a medida mais elevada de tudo" e que “ninguém filosofa entre os deuses” mostrando a ignorância do homem mediante grandeza e sabedoria do que ser deífico.
Ate mesmo a teoria do BigBang (teoria dos cosmos) ressalva que determinadas forças se uniram em uma proporção matemática que já era válida antes de se manifestarem. Todas os fenômenos da natureza expressão proporções matemáticas que nascem antes da existência do cosmo original. O logos divino  preexiste da própria realidade do cosmo.
Assim, a ideia de que haja um ser que opera a orientar as ações no mundo, não foge a certeza de que ele age em nossos pensamentos mais diretos na busca da verdade proposta pela filosofia. Compreender ou não sua existência é relativo a verdade de que inegavelmente ele exista independente da designação ou certeza que receba.